Respira-se arte nas ruas de Penang
De regresso à Malásia, sentimos
vontade de receber a tão aclamada ilha de Penang.
Mas se acham que fomos
impulsionados pela praia, enganem-se.
Aqui contemplamos, com todos
os sentidos, a arte e a cultura.
Prendo o mapa na ponta dos
meus dedos e vou seguindo as suas rotas. Descubro cada estrada, cada recanto. O
roteiro leva-me a explorar as obras de arte personificadas, nos becos mais
emblemáticos da histórica cidade.
Caminho pelas ruas estreitas
e vou me encontrando com as pinturas de
parede criativas, as construções históricas e os murais divertidos. São
criados por Ernest Zacharevic, um
artista que tem dado cor e vida às ruas de George Town. O jovem lituano, que começou com alongados pedidos
de autorização, viu o seu projeto “Mirrors George Town” ganhar asas e voar pela
cidade.
Foi
suscitando cada vez mais interesse, ganhou popularidade e atualmente Zacharevic
cria a pedido dos moradores que oferecem os seus muros como tela. Este tornou-se
um verdadeiro espetáculo de boas-vindas na cidade.
A peculiaridade do artista está
em aliar a pintura a objetos reais, para causar um leve efeito de
tridimensionalidade. Parece que têm vida. E têm. As obras retratam acontecimentos reais da vida das pessoas
da capital de Penang. São duas crianças a andar de bicicleta, é um homem velho,
um coração partido.
Impressiono-me com desenhos extraordinariamente bem executadas, focados no pormenor, na cor,
na vida. Se entretanto nascer ali uma árvore também ela fará parte do mural
artístico. É ecológico, é criativo, é inspirador.
E
o mais extraordinário é que esta fantástica forma de arte está disponível a
todos, aberta a diferentes olhares e não se restringe a um público perito em
arte ou expert em cultura.
Como é bom descobrir a arte
na rua.
Como é bom não ter um
bilhete caríssimo na mão a lembrar-me o preço daquele momento. Como é bom poder
tocar cada obra e não ser interrompida por um segurança que me vigia a cada
minuto.
Como é bom não ter um guia a
explicar-me cada pormenor, sem me deixar pensar.
Como é bom ter o meu tempo
para observar, sentir, rir, encantar-me.
Estas
são já atrações turísticas que
proporcionou a George Town ser
considerada, pela UNESCO, Património da Humanidade.
Para
além da cultura ancorada na rua, Penang é rica também festivais religiosos,
espetáculos, exposições e leituras feitas por artistas e escritores locais e
internacionais.
Nesta
pequena ilha encontramos malaios, chineses e indianos. Rastilhos da história já
que esta foi, por muito tempo, o principal ponto de conexão entre o ocidente e
o oriente.
Há
realmente uma grande mescla de culturas e religiões, no meio de uma cidade
histórica.
Mas
é uma diversidade cultural pacífica. Caminhamos por entre igrejas e templos. Católicos,
hinduístas, budistas e muçulmanos. Lado a lado, na Rua da Harmonia. Celebram
religiões diferentes, convivem com preces distintas e vendem comidas únicas, da
sua terra natal.
Todas
estas culturas se convergem criando pratos bastante diversificados. E é neste
ponto que a gastronomia de Penang se destaca, como a capital gastronómica da
Malásia.
Os candeeiros acendem. É
noite. Sigo o brilho da luz e o caminho intui-se até aos famosos hamburguers
cor-de-rosa.
Aqui
deliciei-me com a combinação de arte, gastronomia, arquitetura e mistura
cultural.
A
cada parede fui-me apaixonando mais e mais pela cidade.
Ao
descobrir cada mural sentia-me uma criança em busca do tesouro desconhecido. E
que boa sensação é esta.
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