Ping Pong Show em Bangkok
Nesta cidade que respira alegria, ao virar de cada esquina encontro
mais um senhor agradecido por vender um sumo de fruta ou uma mulher satisfeita
por ensinar uma nova palavra. Sempre seguido de um Wai. Um gesto que graciosamente usam para cumprimentar ou
agradecer. Juntam as palmas das mãos na altura do peito e as pontas dos dedos
quase tocam no queixo. Inclinam levemente a cabeça e os joelhos, fecham os
olhos e tracejam um sorriso discreto.
Mas quando o sol se põe, Bangkok transforma-se. Aqui a noite é quem
mais ordena.
A cidade não dorme. E os vendedores de rua também não. Ainda há maiores
comércios abertos e melhores negócios a explorar.
Taxistas, que se recusam a usar taxímetro, dobram os preços.
O trânsito fica mais caótico.
Acompanham-se os jantares demorados com conversas profundas, pratos
pequenos e bebidas mergulhadas em gelo.
As lâmpadas coloridas iluminam as ruas e as luzes fluorescentes tornam
os produtos mais brilhantes.
Vêem-se bandeirinhas vermelhas penduradas que embelezam a cidade.
Os templos ficam dourados.
Uns senhores tailandeses esgotam todo o seu vocabulário inglês para
convencer os turistas a não perder um show de ping pong. Insistentemente
apontavam para um panfleto, enumerando o tipo de truque que tinha à disposição.
Pode ter palco, mas não são espetáculos. São locais onde as mulheres se
despem, dançam e apresentam um show.
Há quem os considere um circo erótico repugnante.
Há quem venha propositadamente a Bangkok para assistir a estes shows.
Há quem seja levado pela espontaneidade do momento.
Tornaram-se um marco da cidade. Deixaram de ser tabu, são exibidos nos
filmes e documentários e despertam a curiosidade dos turistas. Todos. Casais,
solteiros, amigos ou desconhecidos, novos e velhos, ricos e pobres.
A reação das pessoas é distinta. Algumas pessoas riem, outras ficam
abismadas ou até agoniadas.
Penso na dignidade. Será que essas mulheres estão a ser exploradas?
Será que precisam ou assumem o controlo para ganhar mais dinheiro? Não sei a
resposta, talvez pernaça algures no meio de ambas. Provavelmente nem elas sabem.
Troco olhares com casais que passeiam, de mãos dadas. Carregadas de
sacos de compras.
Homens com cabelo grisalho e rugas disfarçadas e mulheres com saltos
altos e saias curtas.
Outros apenas observam, com olhares entusiasmados, as portas que se
abrem para corpos despidos que dançam. Sem vontade. Ao mesmo tempo, as
dançarinas vão conversando, vão petiscando, vão se distraindo com o telemóvel. Sem nunca parar
de mexer o corpo.
Sei que pode parecer assustador para uns. Ou até divertido para outros.
Mas vale a pena experienciar cada momento em Bangkok porque é uma mistura
de tudo, uma loucura que enfeitiça.
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